terça-feira, novembro 30, 2004
No Seu Melhor


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Estou farta de rir. Ora espreitem lá aqui.

Crise? Ná!

Ai Jorge, Jorge então agora já há crise? Eleições antecipadas afinal? Fizeste uma linda figurinha, fizeste.

Típico. É preciso que primeiro arda tudo para depois se tomarem as medidas de emergência.
domingo, novembro 28, 2004
O Poder é Lixado

Vocês leram isto? E isto e isto e ainda mais isto!?

Blogosfera, fica o aviso. Se querem isto têm de tratar muito bem a dona disto.

Moizinha tem o poder de acabar com o melhor blog dos últimos cem anos, já repararam? Não comecem a vir aqui, não... E só digo isto uma vez!
Nuvem Borralheira

Eu sou nuvem borralheira
Que com o vento se esvai
Eu sou como um sinal aflito
Que se cola quando cai
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E não me venham dizer que é plágio porque não é. :)
Nuvem...


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... passageira?
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Fotografia daqui.

A Casa na Árvore

Num imbondeiro de lembranças me deixo adormecer... Nas sombras dos grossos galhos me sinto aquecer...

Não, não é só um baobá! É uma árvore imponente cheia de gerações e histórias para contar. Guarda segredos sussurrados no eco do seu buraco oco que nos convida a entrar...

Havia muitas árvores num jardim plantado de sonhos. Uma era especial. De cada vez que eu passava, olhava-me, como só ela sabia olhar. Era uma árvore enrugada que até parecia cansada, com muiiiitos anos, e lá dentro desenhava um sofá já meio apodrecido. Tinha os braços compridos a direito para o céu e havia alturas em que chorava lágrimas a quem chamavam frutos que guardavam lá dentro o sal branco que sabia doce de amadurecido de vida.

Era tão grande tão grande e eu tão pequenina que parecia um anão de saias ao pé dela. Se calhar por isso ficava de longe a observá-la e não arranjava coragem de chegar perto. Mas, todos os dias voltava! E ela até parecia gostar que às vezes quase a ouvia chamar-me na brisa do vento. Um dia decidi que era dia e lá fui eu a bater a chinelinha e uns passinhos mais... Mais pé menos pé, olhei-a de frente e perguntei-lhe:
- Ó D. Árvore você vê-me?
Não ouvi uma voz, mas que vi os bracinhos mexer mais depressa vi mesmo e as escassas folhas parecia que sorriam!
- Olha, querem ver que ela me vê?
Ainda meia vou não vou, resolvi descalçar-me para não fazer muito barulho com as chinelitas de pau.

Foi quando achei que ela se encheu de forças e com a ajuda do vento desprendeu uma mucua que se abriu mesmo à entrada do que parecia ser a porta dos seus mistérios...
Nem foi curiosidade que me puxou para dentro, eu hoje ainda acho que foi ela que me empurrou assim que poisei a mão segura na sua pele seca, humedecida só das forças que parecia ter como a fortaleza que espreitava a Baía.

Depois, depois foi um encontro de amigas e um não mais parar de sonhos para desbravar numa gruta escavada com um ancinho sem nunca a fazer sangrar.
Ali, num refúgio só nosso, as histórias subiam pelas paredes frescas até chegarem à luz e desenharem cores que não posso contar.

Acho que nunca me despedi dela. Sei que chorei e ela também no dia em que a vi pela última vez. Nunca quis que lhe tirassem uma fotografia, porque a minha Árvore é para ser lembrada viva num mundo mágico a que me soube transportar. O que sei é que se um dia voltar lá, ela me vai conhecer e num abraço de memórias me vai consolar.

Deve ser por isso que os imbondeiros são para sempre, de pé.

Agarrem um. O meu vive dentro do meu peito e alimento-me da seiva de saudades em grossos ramos de memórias penduradas em lágrimas de frutos que me saciam a sede.

Um sumo de mucuas com uma palhinha das cores do arco-íris.


Maré in comentários.
Riscos

Tenho traços nas veias que pingam nesta areia molhada de sal. Abrem feridas apetecidas.
Obrigada a todos

Estou farta deste amor e vou esperar pelo seguinte.
Desenhos

Tenho um prato cheio de areia para brincar mas só me apetece escrever o teu nome e lançá-lo ao vento.
sexta-feira, novembro 26, 2004
Juego de la Pelota


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Entre os maias existia um jogo bastante popular conhecido hoje como "juego de la pelota" ou o jogo da bola. O jogo consistia em passar uma bola elástica por dentro de um anel de pedra colocado verticalmente preso a um muro. Parecido com o bola ao cesto, mas a bola não era jogada com a mão e sim impulsionada por um cinto grosso que os jogadores usavam. Batia-se na bola portanto com a cintura e não com as mãos. Cada "gol" era conseguido ao se passar a bola pelo orifício. O capitão da equipe perdedora era decapitado em honra aos deuses, algo muito difícil de ser entendido pela nossa cultura.

Não Vanus, não sabia que o jogo da péla tinha as raízes neste outro tão antigo. Obrigada. :)
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Um pouco da Civilização Maia.

Mistério

Passo anos sem te ver ou sequer pensar em ti. E no entanto todas as vezes que isso acontece, o coração dispara e a pele arrepia-se ainda o meu olhar não te abarcou por inteiro.

Sei que não poderíamos estar mais que umas horas juntos de tanto que discordamos e de tanto que somos diferentes. Foi isso que aconteceu vezes e vezes sem conta. Precisávamos sempre de respirar uns tempos. Mas depois tudo se repetia.

Até um dia em que decidi que não se voltaria a repetir e segui outro caminho. Estavas lá como convidado e tiveste a tua vingança ao levares a minha melhor amiga para a cama nessa minha noite de núpcias.

Tanto tempo passado e é engraçado como parece que foi ontem só porque te vi hoje. O mais curioso é que tenho a certeza de que também não consegues ser indiferente. Quantos anos mais terão que passar para que o corpo não nos traia?

Será isto amor para toda a vida? Ou uma paixão mal resolvida? Deixa, não é importante. De qualquer das maneiras é impossivel e amanhã já me esqueci.

Até à próxima vez que nos cruzarmos.
quinta-feira, novembro 25, 2004
Sozinha


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Quando era miúda, um dos jogos de que mais gostava era o da péla. Claro que não sou tão antiga que o jogasse com uma bola de trapos, fazia-o com uma de volei.

Gostava do adversário. Apanhava sempre a bola e devolvia-ma sem protestos ou gritinhos parvos.
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Vários Jogos Tradicionais.

quarta-feira, novembro 24, 2004
Irritação

Há aquelas alturas em que uma pessoa anda em permanente irritação porque sente que deve dizer algo que ficou preso cá dentro. Como não gosto de andar irritada já lhe abri as algemas.
terça-feira, novembro 23, 2004
Eunucos

Ordenaram-me que inventasse alguma coisa por isso cá vai:

No outro dia ouvi uma reportagem muito por alto em que se dizia que os homens castrados não paravam de crescer. Que existiam, inclusivé, quadros onde os eunucos eram retratados com uma altura bem mais elevada do que a dos homens que os rodeavam.

Confesso que foi a primeira vez que ouvi falar em tal coisa e não consegui apanhar a explicação científica para o fenómeno.

De qualquer modo, se algum dos leitores do sexo masculino não estiver contente com a sua altura, já sabe o que fazer.
domingo, novembro 21, 2004
Frases

A frase mais ouvida do dia: Vou dizer à Maré.
(os autores querem permanecer incógnitos)

A frase mais genial do século: O império romano caiu porque estava 'demodé'.
(José Castelo Branco)
sábado, novembro 20, 2004
Pensei que me tinha livrado deles

Gente da treta, coitadinhos à pressão, amantes do ego.

Heróis que nem são de pacotilha, são mesmo é de pacote.
sexta-feira, novembro 19, 2004
Salta um Hamburger

Ouvi dizer que vai ser proibido fumar em cafés, restaurantes e discotecas.

Vamos deixar de ser uns filhos da puta para passarmos a ser uns filhos da beata.
quinta-feira, novembro 18, 2004
Assepsia

Quando era bem pequenina, os meus pais explicaram-me como se faziam os bébés. Lembro-me de ter achado tudo muito carinhoso apesar de estranho. Depois ofereceram-me um livro sobre educação sexual onde andava tudo tão nú que faria o Meco corar de inveja e vergonha. Mas nem assim fiquei esclarecida. Pensava eu que o homem se limitava a enfiar aquilo lá dentro e estava feito.

Um belo dia em que já todos respirávamos mais liberdade, vi um filme proibido e a coisa mudou de figura. O que se me afigurava carinhoso passou a ser porco. Aquele sobe e desce horrorizou-me. Parecia-me violência e não entendia porque era necessário.

Há uns tempos atrás, ouvi dois miúdos a falarem sobre o beijo na boca. Nos lábios era bonito, com a língua devia ser um horror: que nojo! Para confirmar resolveram praticá-lo e de horror passou a ‘uau’.

Ora uma pessoa lembra-se disto a propósito de quê? De preservativos, sexo seguro, etc, etc?

Não. Uma pessoa lembra-se disto quando olha para as embalagens que deve colocar num qualquer ponto ecológico e depara com uma ‘beata’ traiçoeira a estragar a obra.
Maré


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É uma fotografia de uma realidade que não conheço. Essa terra tão sofrida que sabe tirar alegria do pouco e do nada. Que consegue juntar as lágrimas de sangue num rugir manso que ecoa pela alma de quem teve a sorte de a pisar.

É uma realidade que aprendi a amar pelos olhos dos outros mas que nunca entenderei na sua essência enquanto não fizer parte dela.

Que estará a fazer aquela mulher agachada em terras de Luanda? Não sei. Como não sei tanto e tanto.

E quando não sei o que é, o que são, o que devo ser e fazer, pergunto à Maré.

Parabéns, minha querida.
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Imagem daqui.

quarta-feira, novembro 17, 2004
Pipi das Meias Altas


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Vá-se lá saber porque me lembrei da criação mais louca de Astrid Lindgren.
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As imagens vieram daqui e daqui.

terça-feira, novembro 16, 2004
Pesadelos

Pá não é por nada mas não gostei que a minha irmã tivesse sonhado ontem que fiquei debaixo de um TIR.
A razão do post abaixo

Entrei hoje num café de que não sou cliente habitual e deparei-me com uma cena lamentável. A dona do estabelecimento estava a despedir sumária e histericamente uma empregada dos seus 18/19 anos. Isto, é claro, à frente de toda a clientela.

Confesso que estive para sair logo de seguida mas a curiosidade levou a melhor e lá me fui deixando ficar. Acusações como 'não prestas para nada', 'és tão p... como a tua mãe' e outras faziam-se ouvir.

Quando já me dispunha a intervir, um senhor que estava sentado a uma das mesas que estaria tão incomodado como eu, resolveu tomar uma atitude e tentar acalmar aquela criatura obscena e gritante.

A moça, lavada em lágrimas, foi-se enfiar na cozinha.

Soube depois que a miúda é filha de uns amigos que por sua vez são amigos da dona do café e que tinha existido uma zanga qualquer entre eles.

Pois é, cartas menores pisam-se.
segunda-feira, novembro 15, 2004
Cartas Menores


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Pisam-se.
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O 'castelo de cartas' veio daqui.

Bah!

Não atendo chamadas de números confidenciais!
sábado, novembro 13, 2004
Solidão


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Quando a noite desmaia
sobre as encostas alcantiladas
Ele espreita as sombras
arabescos dispersos pela solidão
pétalas de nuvens sombrias
caídas numa pauta de música
que não entende.
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A imagem veio daqui.

Myrtus Communis


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Nome comum: Murta/Mirto

Este género compreende cerca de um total de 100 espécies diferentes de arbustos persistentes, muito ornamentais, tanto pelas suas folhas como pela sua floração curiosa e abundante e pelo perfume agradável que emanam; a bela frutificação constitui mais um atractivo.

Pertencendo à grande família Myrtaceae, que compreende, no total, cerca de 3000 espécies diferentes, é unicamente o Myrtus communis que cresce espontaneamente nos bosques das zonas do Sul da Europa.

Tem folhas perenes, de forma ovada ou lanceolada, de cor verde brilhante e com um forte odor quando se esfregam; a flor, geralmente de cor branca, pode chegar a medir até 2 cm de diâmetro e aparece nos finais do Verão; é muito aromática e apresenta como característica geral um grande número de estames vistosos.

É um arbusto que se utiliza especialmente para a formação de grupos, associado a outros de características e qualidades diferentes, apesar de também se poder usar como elemento isolado e em alguns casos como sebes; é muito interessante como arbusto para jardins ou terraços por ser perene e perfumado, além de não crescer muito, visto geralmente não ultrapassar os 3 m de altura.

Apesar de ser um arbusto muito rústico e fácil de tratar nas zonas quentes, tem o inconveniente de ser bastante sensível ao frio e às baixas temperaturas, pelo que se deve proteger em zonas onde haja o risco de frios fortes e intensos.

Antigamente atribuíam-lhe diversas virtudes e era muito usada em medicina popular; ainda hoje, na ilha da Córsega, se faz licor com as suas bagas.

Ideal para Bonsai, é uma espécie que se encontra em vias de extinção.

Tenho duas resistentes.
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A imagem veio daqui.

sexta-feira, novembro 12, 2004
Nasceu a Beatriz


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A Sara já não está grávida. Parabéns à mamã e ao papá. Qualquer dia temos cá a Beatriz a blogar.

Histerismo

É só o que tenho a dizer sobre o triste espectáculo no funeral de Arafat. Não quero nem saber como vou ser catalogada, mas todo aquele povo à beira do histerismo irritou-me. Não os compreendo e para ser sincera não estou interessada em compreender.
quinta-feira, novembro 11, 2004
À Solta

Escreveu Pablo Neruda que a poesia é sempre um acto de paz. Fernando Pessoa se o tivesse lido provavelmente teria um ataque de nervos e despejado o copo de mais uma atormentada branquinha.

Por volta das três, quatro horas da madrugada, um pássaro do jardim vizinho começa a cantar. Todas as noites como se o alvorecer já se mostrasse.

Um compasso diferente, tenho pensado até aqui.

Mas hoje estou feliz mesmo sem entender porquê e o canto prematuro do pássaro fez todo o sentido.
quarta-feira, novembro 10, 2004
Castanha


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A castanha já servia de alimento ao homem pré-histórico. Só para se lembrarem que amanhã voltamos à idade da pedra.
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Imagem daqui e curiosidades sobre castanhas aqui.

Halloween


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E eu a pensar que o dia já tinha passado. Afinal não.
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Imagem daqui.

terça-feira, novembro 09, 2004
Girls of Paper

Pelo título alguns perceberão que andava à procura de uma imagem completamente diferente, mas simplesmente não tive coragem de virar as costas a este singelo testemunho de duas irmãs. Podem lê-lo aqui.
O Fruto Proibido


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De manhã enquanto estava às voltas com uma romã, dei comigo a pensar que os gajos que escreveram o Velho Testamento realmente revelaram muita falta de imaginação.

Onde já se viu escolher uma reles maçã para representar o Pecado?

Por outro lado, não restam duvidas de que é um fruto bem menos complexo que a romã e talvez seja por isso que se peca com tanta facilidade.

Deviam era todos arranjar uma romã antes, que a coisa piava mais fino.
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A imagem veio daqui.

A Estrutura

Estive a ler um post que fala de grafite, de mar, de meninas e tantas outras coisas. Lembrei-me de quão semelhantes na sua diferença são a grafite e o diamante.

Ambos compostos por atómos de carbono e no entanto o primeiro é um dos que tem menor dureza enquanto o outro, como todos sabemos, é a que tem a maior.

A diferença resume-se às estruturas internas. Os atómos da grafite deslizam uns sobre os outros, os do diamante estão fortemente ligados entre si.

Também assim podem ser as pessoas. Num minuto diamante, no seguinte grafite perdida no papel.
Curiosidades

"De onde vem a expressão "banho-maria"?

É uma alusão à alquimista Maria, possivelmente irmã de Moisés, o líder hebreu que viveu entre os séculos XIII e XIV a.C. Foi ela quem inventou o processo de cozinhar lentamente alguma coisa mergulhando um recipiente com a substância em água fervente. Ou também pode se uma referência à Virgem Maria, símbolo de doçura, pois o termo evoca o "o mais doce dos cozimentos"."

Andava aqui à procura nem sei do quê e entrei por acaso neste Guia dos Curiosos que tem explicações para algumas das expressões que utilizamos sem sabermos a sua origem como por exemplo 'falar pelos cotovelos'.
segunda-feira, novembro 08, 2004
Já Dizia o Outro

Estranho povo este que não governa nem se deixa governar.
domingo, novembro 07, 2004
Passeio

Fui passear e estava com a tendência de carregar no acelerador. Lembrei-me de alguém que dizia que era mais fácil conduzir depressa. Alguém que se espetou sozinho e com quem nunca concordei nesse aspecto. Mas ele tinha razão. É realmente mais fácil conduzir depressa, o carro fica mais 'leve'.

Lembrei-me ainda dos desastres que causam as 'lesmas' que proliferam por essas estradas fora. Seguir a 40 é chato mas engole-se, a 20 dá cabo dos nervos a qualquer um. E depois é utrapassar e depois aparece um camião.

Mas o gajo que anda a 20 nunca é punido. Nem sequer morre.
sábado, novembro 06, 2004
Boxi

- Um Ventil pack, por favor. (...) Não é desses, é dos grandes.
- Um boxi?
- Sim, desses. Peço desculpa mas nunca me habituei a chamar-lhes box.
- Mais stá escrito aqui, topa?
- Sim, sim, eu sei. Mas é o hábito. Obrigada.

(da-se! Também lá está escrito que mata!)
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Este post faz-me lembrar alguém...
Breve História de um Caldo Verde

Aconteceu aqui há dias e confesso que até tive vergonha de o trazer para aqui, mas a vergonha bate-me forte e passa-me depressa, felizmente.

Eram umas quatro da madrugada e não me apetecia trautear a famosa canção das Doce de modo que me resolvi a ir para a cama com um livro por arrasto enquanto o caldo verde aquecia.

Sabendo que nunca estou cansada, a coisa pareceu-me segura. Mas desta vez o livro trocou-me as voltas e pimba dei com a minha consciência só passadas cinco horas.

A memória nada me disse sobre um tal de caldo verde. Foi preciso os meus olhos observarem um lume aceso e um tacho negro. É que nem o nariz me avisou enquanto estava no quarto.

Mas como já afirmei aqui, comigo tudo se passa sem muito alarido. A casa não ardeu e até consegui salvar o tacho. Claro que não ganhei para o susto mas até já devia estar habituada.

Tenho a sensação que se caisse de um décimo andar cá em baixo estaria um colchão vindo não se sabe de onde. Reparem que uso o verbo 'cair' porque se me desse para atirar, a coisa ficaria bem feita.
Ctrl+Alt+Del

Está um final de tarde delicioso.
Geode

Tal como um geode que pode esconder no seu interior miríades de belos cristais, assim somos nós. E tal como eles, podemos ser uma bela de uma desilusão. Nem belos por fora nem belos por dentro.

Aconteceu-me uma vez estar com alguém que encontrou um que se revelou tão desengraçado no interior como o era no exterior. Perante a sua intenção de o atirar fora, disse-lhe que o queria. Ainda hoje o tenho. E de cada vez que o olho pergunto-me que raio de fascinação terá aquela pedra pequena e feiosa.
sexta-feira, novembro 05, 2004
A interpretação como prenda

Desta vez o Chapeleiro traduz...

A tua carta astral é uma das mais fascinantes que já vi. E já vi dezenas e dezenas. São cinco planetas numa só casa. A 5ª. Uma raríssima combinação que em astrologia chamamos um stellium e que significa que a carta aponta a área da nossa vida em que temos de nos realizar. Neste caso a 5ª. A casa regida pelo Sol e pelo signo de Leão. A casa da criação, recrição e procriação.

Pelo menos um destes aspectos está de certeza profunda e fatalmente ligado a ti. O stellium de cinco planetas, dos quais 4 são planetas pessoais (em cinco possíveis) Sol, Mercúrio, Vénus e Marte (só a Lua falta, por estar do outro lado da carta, sozinha na 11ª casa, em Gémeos) tem um influência profunda na tua vida, inescapável diria mesmo. Ou seja isto é a base. Uma fortíssima relação com a criação: passatempos, crianças, jogos, artes.

Mas depois há o toque de deus na tua carta: duas inconjunções separadas por um sextil a apontar para o mesmo planeta - Júpiter em Carneiro. Como todos os Yods, o toque de deus, há uma mensagem a retirar daqui. Olhando a tua carta, com o stellium de tantos planetas pessoais na 5ª casa e a cabeça do dragão sozinha na 12ª casa parece-me claro qual é a mensagem. Júpiter é a sorte e a protecção do Cosmos, Carneiro a impulsividade e o instinto. Eis o que tens de enfrentar (pois para ti isto não é fácil, sendo Escorpião).

Há um convite na tua carta para a criação, sim, mas também para a entrega, a abertura ao instinto, ao desconhecido. To put yourself in the lap of the Gods. Lidar com o desconhecido. Porque quanto mais resistires e tentares controlar as mudanças e lidar com elas racional e friamente mais o contrário acontecerá: incidentes e desafios casa vez mais fortes. Para te obrigar a reflectir e escolher outro caminho.

Isto parece confirmado pelo facto dos dois planetas que apontam para Júpiter serem Úrano, o planeta incontrolável e o Sol, a identidade.

Parabéns.

The Cheshire Cat

(kindly translated by the Mad Hatter)

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Hesitei antes de publicar este post, mas creio que nenhum dos dois se vai aborrecer. Evidentemente que agradecerei em privado todo o trabalho e gentileza mas considero que tanto esforço merece um pouco mais que isso.

Muito e muito obrigada aos autores de um dos primeiros blogs por que me apaixonei.
Moscas

O que se deve fazer quando uma mosca varejeira nos entra por uma janela aberta?
Abre-se a porta da rua.

Assim, ninguém se desgasta e cada uma vai à sua vida.
Sabem o que lhe falta?


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Via 100Nada e Adufe.

quinta-feira, novembro 04, 2004
O Mergulho da Baleia


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"aquela curvatura que lhe imprimi dá a sensação mergulhante que eu pretendia obter. As pessoas ao verem aquele rabo de baleia pensam no resto e era isso que me interessava transmitir: o rabo da baleia é apenas a parte visível, há uma parte que continua hipoteticamente pelo chão." Augusto Cid

"Para além de constituir, intimamente, uma homenagem ao povo da Ilha do Faial, terra natal do escultor, o "Mergulho da Baleia", traduz simbolicamente, uma manifestação de regozijo do autor para a despoluição que se está a verificar no Rio Tejo, originando o regresso dos golfinhos à orla marítima do concelho, para além de recordar os tempos em que as baleias entravam no Tejo com as correntes quentes."



Cá volta o rabo da bicha outra vez. Dir-se-ia encravada no meu blog. Mas eu sei porquê. Ó lá se sei.
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Vale a pena ler novamente este artigo e este. Porque todos os que passam a olham mas são poucos os que conseguem explicar porque foi idealizada assim.

quarta-feira, novembro 03, 2004
Dia 2 de Novembro de 2004

Um dos piores dias dos últimos tempos. Além de ter passado três horas de volta do Pc que nem memória tinha para arrancar, ia ficando debaixo de um atrasado mental a quem outro atrasado deixou passar no exame. As molhas que apanhei também foram muito revigorantes. Houve outras pequenas coisas pelo caminho com por exemplo estar constipada e com muito pouca paciência para o planeta e seus habitantes de duas patas, mas o carinho que recebi a partir da meia-noite compensou tudo isso.

E com esta me vou, que chorar a escrever um post fica sempre mal.
segunda-feira, novembro 01, 2004
Ovo


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Janela de vidro rasgado
passado pelas pás do moinho
atirado pelo vento da noite

Vidro moído, dorido, amassado, triturado
colado no céu lunar como farinha, pastoso

Pingam pedaços desatentos, estrelados, descolados
que se aguçam, silenciosos, na minha memória

Olho para a mesa
A vela apagou-se
É tempo de nascer devagar
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A imagem é daqui.

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